domingo, 7 de abril de 2013

3º Ugra Zine Fest

Nos dias 6 e 7 de abril, o Centro Cultural São Paulo (CCSP) sediou a o 3º Ugra Zine Fest, que foi realizado pela Ugra Press. Com uma extensa programação, o evento contou com palestras, oficinas, exposições e o lançamento do terceiro capítulo do documentário Fanzineiros do Século Passado, de Márcio Sno.

As polaroidianas compareceram no local e tiveram a honra de ver um de seus filhos expostos na mostra Panorama Iberoamericano de Publicações Independentes, organizada com o material recebido para o 3º Anuário de Fanzines, Zine e Publicações Alternativas, que conta com a participação de diversos países, como Brasil, Argentina, Venezuela, Colômbia e Espanha. No total, são mais de 240 publicações.

Polaroid ganhando vida

Um dos nosso filhos expostos no 3º Ugra Zine Fest


quarta-feira, 14 de novembro de 2012

Autobiografia de uma guerreira

A primeira edição do zine Polaroid contou com a seção Opinião Formada, que mostrou um pouco mais sobre o enredo do livro A Arte de Produzir Efeito sem Causa, do escritor e quadrinhista Lourenço Mutarelli. Aqui no blog, vocês poderão conhecer mais duas obras, consideradas importantes para o universo Underground. Vamos conhecer a trajetória da quadrinhista Marjane Satrapi, que retratou a sua própria história na HQ Persépolis.

Quem folheia Persépolis pela primeira vez pode até achar que a história em quadrinhos, produzida pela iraniana Marjane Satrapi, não passa de mais uma obra do gênero. No entanto, ao se deparar com as primeiras páginas da publicação, o leitor mergulha de cabeça em uma história fascinante e repleta de acontecimentos surpreendentes.
Ambientada no Teerã, capital do Irã, em 1978, a HQ é mais que uma autobiografia. Isso porque narra de forma singela às fases da autora que, logo criança, mergulhou em sonhos infantis e desejou se tornar uma profetisa quando se tornasse adulta, pois acreditava possuir poderes para salvar o Planeta. Ela tem diante de si o exemplo liberal de sua avó, marcante figura feminina que ao longo da trama oferece à neta diretrizes morais. Além disso, seus pais são modernos e adeptos da ideologia de esquerda.
Porém, no mundo real, a menina acompanhava de perto o desenrolar da passagem de uma ditadura opressiva para um sistema regido por grupos islâmicos fanáticos, não menos cruéis que o antigo Xá. Donos do poder, eles determinavam cada detalhe da vida da população, desde os comportamentos até a forma de se trajar. A garota então é obrigada a usar um véu, o que a incentiva a se tornar em uma autêntica revolucionária.
Devido à instabilidade do país, os pais de Marjane decidem enviá-la para Viena, na Áustria. É a partir desse momento que a jovem experimenta outras conturbações, relacionadas ao período de adolescência. Ela enfrenta um dilema crucial: voltar ou não voltar à sua terra, abrindo mão de tudo o que pensa, sente e sonha. Em suas 352 páginas, Persépolis mostra ao leitor a importância de lutar por uma sociedade livre, que não teme correr atrás de seus direitos. Além disso, destaca a união familiar, tão importante para a formação cidadã da população.




Editora: Companhia das Letras
Páginas: 532
Preço sugerido: R$ 46

Confraternização no cenário independente

A primeira edição do zine Polaroid contou com a seção Opinião Formada, que mostrou um pouco mais sobre o enredo do livro A Arte de Produzir Efeito sem Causa, do escritor e quadrinhista Lourenço Mutarelli. Aqui no blog, vocês poderão conhecer mais duas obras, consideradas importantes para o universo Underground. Que tal conhecermos a trajetória do bem-sucedido Anuário de Fanzines, Zines e Publicações Alternativas, que está prestes a entrar em sua terceira edição?

Após anos de reclusão devido à popularização da internet, os zines voltaram a dar o ar da graça nos anos 2000, com uma nova geração de editores e leitores dispostos a compartilhar seus trabalhos entre os demais amigos e apreciadores da arte.
Com a intenção de estabelecer um espaço de divulgação, o grupo UGRA Press decidiu criar anuários para que os editores e leitores se reunissem e divulgassem seus fanzines, zines e produtos alternativos. Além disso, os participantes podem tomar conhecimento de outras publicações e estabelecer novos contatos, novas amizades e muita inspiração para os próximos produtos.
Outro propósito estabelecido pelo grupo é a compreensão dos perfis da produção atual, bem como os temas abordados, quem são os editores e o que eles apresentam de diferente em relação aos incríveis “anos dourados” da imprensa underground.
Após duas bem sucedidas edições, nas quais se somam mais de 280 publicações resenhadas e cerca de 30 editores entrevistados feitos com o verdadeiro amor de um fanzineiro, o Anuário se consolidou como uma importante ferramenta de análise, divulgação e reflexão para editores independentes.
Em março de 2013 ocorrerá o 3° Anuário de Fanzines, Zines e Publicações Alternativas, organizado pela pessoal do UGRA. Dessa vez o evento abrangerá a América Ibérica, não só o Brasil. Não percam!

Confira a segunda edição do Anuário de Fanzines, Zines e Publicações Alternativas.


Música independente

Integrante da banda Colettive comenta sobre sua relação
com o cenário independente. 

Nascido em Atibaia, o jornalista Willian Almeida, 25 anos, divide o seu tempo entre um jornal de Mogi das Cruzes e sua banda, na qual desempenha diversas funções, como guitarrista, vocal e compositor. Will comenta sobre a sua visão da cena independente, os coletivos de cultura da cidade e a filosofia do “Faça Você Mesmo”, que considera sensacional e duríssima ao mesmo tempo. Quer saber o motivo dessa pequena contradição? Ele participou da seção Com a Palavra da terceira edição impressa do zine Polaroid.

Polaroid – Como você conheceu a cena independente? 
Willian – Acho que conheci de diversas formas, mas todas elas passando pelo meu irmão Wagner. Como ele é cinco anos mais velho que eu, naturalmente eu bebia das fontes musicais dele. Eu também cresci em um bairro onde muitas pessoas tinham banda e curtiam som, de modo que a cena independente sempre esteve por perto de mim. Mas eu demorei a notar o que era tudo aquilo. Posso até dizer que antes nós tínhamos realmente uma “cena independente” e que hoje a coisa anda muito mais solitária. Já não há tantos lugares abertos ao independente e os que tentam criar essa característica sofrem problemas com a fiscalização e este tipo de coisa. Se há algo bom – e ruim na mesma proporção – na “cena”, é que ela não é muito bem vista. Apoio é uma utopia.
Talvez alguém pergunte: ora, não é independente? Para quê apoio? Bem. A cena independente é inteligente e ativa. A cena é cultural e auxiliá-la poderia ser perigoso para a engrenagem da indústria fonográfica. 

Polaroid - De onde veio a vontade de tocar e montar uma banda? 
Willian – Tive minha primeira banda aos 13 anos. O que significa ter crescido em meio a tantas me influenciou. Naquela época era tudo hard-core. O “Buchada de Porco” flertava com o grind. Não consigo identificar em que momento me veio a vontade de tocar, mas muito possivelmente se deu nas ruas onde amigos meus levavam o violão. No mês que completei 14 minha mãe me deu o meu violão – inseparável amigo – e aí foi o impulso que eu precisava. O Buchada durou por volta de um ano. E eu só tocava hard-core. Com o tempo passei a comprar revistas de cifras da Legião Urbana e com elas passava o tempo todo. Aprendi o – pouco – que sei sozinho. Jamais fiz uma aula. Há pouco mais de cinco anos montei a Colettive, minha banda atual, com mais três amigos. Tem uma proposta alternativa e autoral. Mas para não fugir muito à questão, acho que a vontade de tocar veio das bandas que ouvi e da minha necessidade de exprimir o que sentia.

Polaroid – O que você acha do Faça Você Mesmo? 
Willian – Eu divido em duas situações: sensacional e duríssimo. No meio musical, tudo é bem complicado. Não há apoio algum. A gente não pode tocar em canto nenhum e ninguém quer apostar em cinco, seis bandas que só tocam as próprias músicas. Fazer por si mesmo significa arranjar um local, ver toda a aparelhagem necessária, correr atrás de divulgação, conseguir instrumentos, compor, gravar, criar artes, disponibilizar, oferecer, apresentar... uma infinidade de coisas. Há muita gente bem intencionada. E existem muitas bandas – ótimas, por sinal – que jamais deram certo justamente pela dificuldade de ser independente. O correto seria ser independente por escolha própria, o que nem sempre é o caso.
 Eu disse sensacional porque eu não sei como explicar e nem acho que exista algo que pague o fato de você sair da sua casa, pegar o carro, lotá-lo de instrumento, gastar uma fortuna de combustível, chegar ao boteco – geralmente é um – descarregar tudo, tomar umas com os amigos, tocar, conhecer gente nova e entre elas alguém que chega para te cumprimentar pela banda ou por música específica. Isso é bem legal. Passa a sensação de que é possível.
A parte difícil é impressa no custo de uma gravação de boa qualidade, no valor dos instrumentos, na escassez de locais e, sobretudo, na utilização da cena, do faça você mesmo para benefício próprio. Está cheio de aproveitadores com ótimos contatos. Eles te colocam para abrir o show do Nando Reis, mas você precisa pagar alto por isso. Ou então, para tocar em casas mais badaladas, cobram que você venda 50 ingressos a R$ 20, como se fosse a tarefa mais fácil do mundo fazer seus 50 amigos e fãs da sua banda pagarem R$ 20 no ingresso, mais “x” no transporte e mais “y” com a diversão em si.

Polaroid – O que você acha que deveria ser feito para melhorar a cultura independente de Mogi? 
Willian – Mogi é uma cidade onde mesmo a cultura independente é dividida. Existem grupos e mais grupos, cada qual na sua panela, misturados ao mesmo tempo. Não há e nunca teve muito espaço para coisas novas que venham de pessoas que não sejam do “meio cultural-independente” da cidade. Se já é difícil haver espaço para uma banda do “meio”, uma banda de gente que necessariamente não é do “meio” recebe muito mais dificuldade. É como se a cultura independente da cidade fosse repartida e tivesse vanguarda. Parece estranho, mas isso existe. E o pior: pouca gente já notou isso. Eu notei, motivo pelo qual não sou tão próximo da cena mogiana. Acho que Mogi tem muito a aprender com o pessoal de outras cidades. Aqui falta bastante humildade, neste aspecto. E isso seria um dos passos para melhorar. Agora este é o menor dos problemas. Mogi é uma cidade elitista. Mogi é uma cidade onde a Prefeitura veta show do Racionais e do Planet Hemp – algumas vezes, rs; bares de menor potencial financeiro são impedidos de promoverem shows – há um alvará específico e caro para isso –; um grupo de Maracatu da cidade é obrigado a parar a apresentação que está fazendo, dentro do horário estipulado, nas festas de aniversário do próprio município, porque vai começar a pa$$agem de som no Milton Nascimento; e por aí vai. Falta respeito à cultura independente de Mogi. Ela não vende, né. Nem depende ou participa da Secretaria de Cultura. Um bom exemplo é Suzano, onde os grupos são mais bem tratados.

Polaroid – Qual é a importância dessa vertente? E o que pode ser agregado para quem recebe esse tipo de conteúdo? 
Willian - É o independente que com toda a dificuldade faz algo de diferente, que sai do marasmo. E agora eu tenho que bater palma aos coletivos da cidade. Ninguém faz fanzine pensando em dinheiro, não monta banda querendo dinheiro, não faz sessões de filmes e debates em casa pensando no dinheiro. Uma das melhores coisas que agrega a quem recebe ou participa dos frutos desta vertente é a noção de se fazer algo com um objetivo final de proporcionar coisas diferentes a si próprio e aos outros, de dividir alguma habilidade sua ou do outro, de tornar as coisas possíveis para que elas sejam conhecidas e não massificadas, colocadas goela a baixo da gente.
Vai muito além de apenas cena ou cultura independente. Ajuda a formar senso crítico, que é o que mais falta no País.

Polaroid – O que você acha dos eventos realizados pelos coletivos culturais de Mogi?
Willian – Muito bons. Participo pouco deles, é verdade, mas acho de uma validade sem tamanho. Não vou citar nomes porque não conheço todos e seria injusto com qualquer um que esteja nascendo por aí em algum bairro da periferia da cidade.
De alguma forma, estes eventos são criados na marra. O pessoal é guerreiro mesmo. Tira do próprio bolso para fazer acontecer. Esforça-se e vive para isso. Tudo com a ideia de movimentar a cidade, fugir do comum, oferecer coisas novas e receber coisas novas também. Seja com discussões, shows no meio da rua, apresentações de filmes ou webrádios, eles estão sempre ativos. Isso é muito bom.
De uma forma geral, acho que tudo que é feito sem ligação com o “ego” tem uma validade indiscutível. Talvez por isso, seja tão raro.

Um mundo para perto de nós


"Os acontecimentos da mídia, da alienação, trazem
novas perspectivas as pessoas", comenta Dorizio.
O entrevistado da vez é o designer gráfico de 27 anos, Rodrigo Dorizio. Mogiano, atua no coletivo Selo Sem Sê-lo, onde produz cartazes e organizações de eventos.
Apaixonado por rock curte ouvir alguns clássicos como Jimi Hendrix, Led Zeppelin e Pink Floyd, e nas horas vagas não dispensa aquela cerveja junto aos amigos. Ele participou da seção Com a Palavra da segunda edição impressa do zine Polaroid.

Polaroid - Como você conheceu a cena independente? 
Rodrigo - Foi por meio da música. Eu tinha uns amigos que curtiam um som alternativo, independente, de critica social, e fui conhecendo e gostando.

Polaroid - Depois de inserido nesse "mundo", sua visão, senso crítico mudaram? 
Rodrigo - Minha visão de mundo mudou sim. Conhecer coisas fora da mídia, fora da alienação, fora do agendado pelos veículos de grande alcance traz um mundo novo para perto de nós.

Polaroid - Qual é a importância dessa vertente, e o que pode agregar para quem recebe esse tipo de conteúdo?
Rodrigo - A importância é exatamente essa, de mostrar visões novas paras as pessoas. Esse conteúdo agrega conhecimento, novidade e cultura diversificada.

Polaroid - Qual sua opinião sobre a filosofia do "faça você mesmo"? 
Rodrigo - É a base das realizações independentes. Fazer as coisas com o seu próprio esforço promove muitas coisas, como o desapego material e a união de um grupo em prol de um mesmo objetivo. Esse sentido de coletividade é fundamental na cena independente.

Polaroid – Os eventos que os coletivos organizam, podem mudar a realidade cultural de uma cidade ou região? De que forma? 
Rodrigo - Os eventos dos coletivos sempre giram em prol de eixos, como cultura, entretenimento e educação. Em Mogi, por exemplo, alguns coletivos têm ideias para projetos com crianças de exibições de filmes de fora do grande circuito. Essa proposta de intervenção mostra outros lados, promove o conhecimento e molda o futuro de quem é alcançado por ela.

Polaroid – E a cultura na região, o que poderia ser feito para melhorar? 
Rodrigo - Acho que acabam faltando recursos. Seja do poder público, de um patrocinador ou dos próprios organizadores. É complicado criar algo de grande alcance, para a massa, sem recursos simples como o local e estrutura. Isso acaba podando muitas ideias. A união existe, mas a gente acaba sendo cerceado pela falta de incentivo público.

Uma visão feminina na cena underground

Integrante do coletivo "Madalenas Assumidas" conta as
suas experiências na cena underground
 A entrevistada da vez é a jornalista e produtora de rádio Ananda Oliveira, a Nanda, poaense de 23 anos. Ela fundou com mais duas amigas um coletivo voltado para as lutas femininas, Madalenas Assumidas. Além disso, ainda faz parte de um grupo de dança cigana, gosta de cozinhar, ouvir música, ler e, ainda, tem tempo para participar de encontros de filosofia. Ufa! Com tanta bagagem, certamente Ananda tem boas histórias para nos contar. É ler e tirar suas conclusões. Deleite-se! Ela participou da seção Com a Palavra da primeira edição impressa do zine Polaroid.

Polaroid - Como você conheceu a cena independente? Depois de inserida nesse "mundo", sua visão, senso crítico mudaram? 
Ananda – Sempre curti bandas, fanzines, HQ's e outras iniciativas independentes desde a adolescência. Agora falando de Mogi das Cruzes, comecei a ter contato com iniciativas como o Selo sem Sê-lo, Suburbaque entre outros, através de amigos que participavam. Foi na época em que comecei a cursar Jornalismo na Braz Cubas, e junto a amigos, frequentar o Campus VI. Na verdade nunca tive uma participação muito ativa nesses movimentos além de comparecer aos eventos e prestigiá-los. Acho que o ímpeto de fazer alguma coisa começou mais de uns tempos pra cá. Agora falando de senso crítico, não percebi grandes mudanças porque o meu senso crítico sempre foi bastante aguçado (risos). Talvez, com o passar do tempo isso tenha sido potencializado apenas. A visão de mundo continua predominantemente insatisfatória. Em contrapartida, ver gente por aí cheia de energia pra fazer as coisas, fugir da mesmice e se esforçando para transformar as coisas sempre anima. É bacana poder ver a galera lutando para mudar o que não condiz com as próprias necessidades. Ver as pessoas se apropriando das coisas e fazendo por elas mesmas o que o governo, o estado, as instituições e as grandes mídias não fazem e não vão fazer por elas já dá bastante alegria.

Polaroid - De onde veio a vontade de montar um coletivo? E porque um feminista? 
Ananda – O coletivo “Madalenas Assumidas” surgiu junto com mais duas amigas, a Susan Yamamoto e a Cristina Santos. Ideia veio à tona em uma conversa em que nós falávamos/questionávamos o papel e a postura da mulher hoje, tanto das passivas, omissas, que aceitam as coisas como estão, ou mesmo não conseguem se desvencilhar da opressão, das feministas, dos homens, enfim, da sociedade como um todo.
Então surgiu a vontade de elaborar algo não direcionado apenas para mulheres, apesar desse ser o tema principal, mas pra ambos os sexos, para fomentar a discussão e o questionamento sobre os rumos que essas relações entre os gêneros tomaram e ainda vão tomar. E principalmente mostrar que homens e mulheres não precisam ser combativos e viver nesse clima bélico que a gente tanto vê no dia-a-dia, na internet, e etc. Tem até aquela frase que diz “não é preciso ser anti-homem pra ser pró-mulher” que eu não sei de quem é, mas acho o máximo.
As pessoas ainda tem esse preconceito quando ouvem falar de feminismo, eles visualizam aquele monte de mulher que não se depila, de roupas largas, cabelos curtos e que detesta homem. Nada contra as mulheres que vivem assim, mas as pessoas também precisam aprender a enxergar a ação além dos estereótipos, entender porque existe essa luta.
Partindo daí a nossa ideia é divulgar conteúdo e fomentar ações que despertem a mulher dessa postura passiva e recriem seu próprio mundo, sejam protagonistas da própria história, sem medo de repressão ou do que os outros vão pensar. E também, que haja mais compreensão e cooperação entre os gêneros, menos conflitos, mais complemento. O “Madalenas Assumidas” ainda está em fase embrionária e por enquanto só alimentamos a página do Facebook com conteúdos diversos, mas em breve teremos novidades bacanas aí pra moçada. É só aguardar.

Polaroid - Qual sua opinião sobre a filosofia do "faça você mesmo"? 
Ananda – A filosofia do “faça você mesmo” é importante porque cada um de nós fazemos parte dessa sociedade que vivemos, portanto, se a realidade de hoje é insatisfatória, a responsabilidade é nossa. É fácil transferir a culpa, a responsabilidade para os políticos, por exemplo, enquanto eu estou sentado no sofá assistindo a novela das 9, ou compartilhando memes no Facebook. Maioria das pessoas se isenta, e prefere culpar os governantes, a indústria, a mídia ou seja lá quem for, e não estão errados, nós realmente somos oprimidos e manipulados pelo sistema, mas também somos omissos. Por isso de nada adianta só reclamar, é preciso ação e as pessoas precisam aprender a se enxergarem como parte desse todo e que são um fator de transformação desse meio.
Essa questão da pano pra manga (risos). Parafraseando um texto que li no blog do Selo uma vez: Não adianta esperar que o poder público desperte dessa apatia e comece a investir em cultura, por exemplo. Primeiro porque boa parte deles não têm, só querem mesmo é saber de dinheiro, e segundo porque não é interessante. Eles sabem o risco que correm se as pessoas começam a adquirir cultura, elas se tornariam cabeças pensantes, questionadoras e acabariam descobrindo que não precisam mais deles, como de fato não precisam. (risos) Daí é que vem a legitimidade do “Faça-Você-Mesmo”.

segunda-feira, 29 de outubro de 2012

A concretização de um sonho

Após praticamente um ano de intenso trabalho, finalmente as três edições do zine Polaroid dão o seu ar da graça e podem ser vistas por todos aqueles que nos acompanharam nesta incrível jornada. No entanto, a existência de nossos filhos só foi possível graças ao apoio de muitas pessoas, que dividiram conosco os momentos de alegria, estresse e ansiedade. Muito obrigada aos nossos pais e familiares, que desde o princípio acreditaram na concretização deste sonho; aos amigos e a todos os professores, principalmente à orientadora Agnes Arruda e ao mestre Elizeu Silva, que se encantou com as descobertas do universo independente. Agradeço também aos colaboradores Erica Santos, Tiago Lemes e Thiago Goma, que abrilhantaram as edições do Polaroid com seus incríveis trabalhos; aos zineiros Márcio Sno, Fábio Barbosa e Denilson Rosa dos Reis, que dividiram conosco o que mais gostam no cenário underground; aos queridos Ananda Oliveira, Rodrigo Dorizio e Willian Almeida, responsáveis por mostrar a todas nós como conheceram a cena alternativa e o que ela representa para cada um deles. E claro, ao querido Daniel Gonzales, que realizou um ótimo trabalho, editorando e dando vida aos zines. Ao ver as três edições concluídas, tivémos a certeza de que não teria dado tão certo se outra pessoa tivesse os feito. Não podemos nos esquecer da Adelia Komura Morimoto, que pacientemente, nos ajudou a cortar e a montar o Polaroid #3.
Um obrigada muito especial ao Elmo Odorizzi, um dos criadores do Selo Sem Sê-lo, e ao Michael Meyson, do Jabuticaqui, que nos auxiliaram e mostraram a importância dos coletivos de cultura para Mogi das Cruzes e região.